Trajetórias e Carreiras Militares no Contexto do Império Português:
Promoções e Conflitos nos Atos Eleitorais para Postos dos Corpos de Ordenanças. Comarca de Vila Rica, 1735-1777
por ANA PAULA PEREIRA COSTA
Doutoranda em História Social pelo PPGHIS/UFRJ. As observações aqui apresentadas foram retiradas de minha Dissertação de Mestrado intitulada “Atuação de poderes locais no Império Lusitano: uma análise do perfil das chefias militares dos Corpos de Ordenanças e de suas estratégias na construção de sua autoridade. Vila Rica, (1735-1777)” defendida no PPGHIS/UFRJ.
.................Assim, se a formação específica de militar em academias militares era aspecto de pouca importância para a ascensão dos oficiais a postos de maior prestígio, tanto no reino quanto no ultramar (MONTEIRO, 2003: 102-104), a experiência militar mediante atuações bélicas era muito valorizada e um poderoso recurso na obtenção de mercês e, portanto, de promoções. Convém lembrar que os serviços de guerra e defesa da terra incluíam-se entre os mais enobrecedores e importantes para concessão de mercês régias e, neste sentido, se constituíam em um importante componente da incrementação da “qualidade” dos coloniais (ALMEIDA, 2003: 153). A trajetória de Caetano Alves Rodrigues é nesse caso bem expressiva. Natural de Lisboa atuou em diversas partes do Império como militar. Assentou praça de soldado no estado da Índia onde assistiu por mais de 5 annos, atuando também como alferes de infantaria, tenente de mar e guerra e capitão. Seus serviços foram essenciais, no entender do governador D. Lourenço de Almeida, em momentos críticos para a Coroa. Dentre estes destaca a invasão da fortaleza de Andorna construída no rio de Goa que por ordens reais devia ser destruída onde:
“[...] Caetano Alves Rodrigues foi um dos primeiros que saltaram em terra avansando com armas e mays gente a dita fortaleza conseguindo queimala e demolila, matando e aprisionando se todos os que não puderam fugir (...) e da mesma sorte conduziu um exercito para tomar e qeimar as aldeas que tinha atras da fortaleza de pilligão que depois de 8 dias de citio se renderam (...) e no socorro que se deo ao rey para tomar as terras da fortaleza de Ponda (sic) foi Caetano Alves Rodrigues nomeado para rondar em balões o rio que circundava tal fortaleza para que se rendessem [...]” (AHU/MG/cx: 86; doc:17).
Além de ter atuado em Goa, prestou serviços também no mar “atacando voluntariamente o navio inglês Angria quando o rei saiu em missão para ir tomar a dita armada Angria (...) e o dito Caetano foi com 20 soldados armados a bordo do sito navio e fez com tanto valor que conseguiu trazer o navio a Goa” (Idem).
Após todos estes 5 anos atuando na Índia, embarcou para a América Portuguesa:
“[...] E sendo chegado a pouco tempo nas Minas quando os franceses invadiram o Rio de Janeiro, foi dos primeiros que se offereceo para acompanhar o governador António de Albuquerque e o fez com despesa de sua fazenda. Combateu também os revoltosos de Vila Rica e a mando do Conde de Assumar acompanhou o dito governador com seus escravos armados até Vila Rica para castigar se os cabeças do levante, e lá ficou hum mês [...]” (Idem).
Por todos estes serviços foi nomeado capitão de Ordenanças e, em 1722, coronel de cavalaria de São Paulo, e, posteriormente, de Vila Rica. Além disso, por sua participação valorosa em tão importantes acontecimentos foi feito cavaleiro professo da Ordem de Cristo em 1731 e condecorado com o foro de escudeiro e cavaleiro fidalgo da casa real em 1749 (Ibidem).
por ANA PAULA PEREIRA COSTA
Doutoranda em História Social pelo PPGHIS/UFRJ. As observações aqui apresentadas foram retiradas de minha Dissertação de Mestrado intitulada “Atuação de poderes locais no Império Lusitano: uma análise do perfil das chefias militares dos Corpos de Ordenanças e de suas estratégias na construção de sua autoridade. Vila Rica, (1735-1777)” defendida no PPGHIS/UFRJ.
.................Assim, se a formação específica de militar em academias militares era aspecto de pouca importância para a ascensão dos oficiais a postos de maior prestígio, tanto no reino quanto no ultramar (MONTEIRO, 2003: 102-104), a experiência militar mediante atuações bélicas era muito valorizada e um poderoso recurso na obtenção de mercês e, portanto, de promoções. Convém lembrar que os serviços de guerra e defesa da terra incluíam-se entre os mais enobrecedores e importantes para concessão de mercês régias e, neste sentido, se constituíam em um importante componente da incrementação da “qualidade” dos coloniais (ALMEIDA, 2003: 153). A trajetória de Caetano Alves Rodrigues é nesse caso bem expressiva. Natural de Lisboa atuou em diversas partes do Império como militar. Assentou praça de soldado no estado da Índia onde assistiu por mais de 5 annos, atuando também como alferes de infantaria, tenente de mar e guerra e capitão. Seus serviços foram essenciais, no entender do governador D. Lourenço de Almeida, em momentos críticos para a Coroa. Dentre estes destaca a invasão da fortaleza de Andorna construída no rio de Goa que por ordens reais devia ser destruída onde:
“[...] Caetano Alves Rodrigues foi um dos primeiros que saltaram em terra avansando com armas e mays gente a dita fortaleza conseguindo queimala e demolila, matando e aprisionando se todos os que não puderam fugir (...) e da mesma sorte conduziu um exercito para tomar e qeimar as aldeas que tinha atras da fortaleza de pilligão que depois de 8 dias de citio se renderam (...) e no socorro que se deo ao rey para tomar as terras da fortaleza de Ponda (sic) foi Caetano Alves Rodrigues nomeado para rondar em balões o rio que circundava tal fortaleza para que se rendessem [...]” (AHU/MG/cx: 86; doc:17).
Além de ter atuado em Goa, prestou serviços também no mar “atacando voluntariamente o navio inglês Angria quando o rei saiu em missão para ir tomar a dita armada Angria (...) e o dito Caetano foi com 20 soldados armados a bordo do sito navio e fez com tanto valor que conseguiu trazer o navio a Goa” (Idem).
Após todos estes 5 anos atuando na Índia, embarcou para a América Portuguesa:
“[...] E sendo chegado a pouco tempo nas Minas quando os franceses invadiram o Rio de Janeiro, foi dos primeiros que se offereceo para acompanhar o governador António de Albuquerque e o fez com despesa de sua fazenda. Combateu também os revoltosos de Vila Rica e a mando do Conde de Assumar acompanhou o dito governador com seus escravos armados até Vila Rica para castigar se os cabeças do levante, e lá ficou hum mês [...]” (Idem).
Por todos estes serviços foi nomeado capitão de Ordenanças e, em 1722, coronel de cavalaria de São Paulo, e, posteriormente, de Vila Rica. Além disso, por sua participação valorosa em tão importantes acontecimentos foi feito cavaleiro professo da Ordem de Cristo em 1731 e condecorado com o foro de escudeiro e cavaleiro fidalgo da casa real em 1749 (Ibidem).