lunes, 22 de noviembre de 2010

O Exército na Capitania da Bahia entre 1750-1762 (2)

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO1.4 O Período Moderno na Europa.

O Exército na Capitania da Bahia entre 1750-1762
Dissertação de Mestrado de História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2002
No dia 22 de Fevereiro de 1754 obtemos a indicação do reparo urgente de uma nau proveniente da índia296. A reparação era urgente porque o perigo de afundamento é evidente no documento em questão, demonstrativo do mau estado a que as embarcações chegavam.
Antes de 1754, verifica-se outro elemento: em documento do Conde de Atouguia a Diogo Mendonça Corte Real, o dito Vice-Rei envia uma letra em Março de 1751 que deveria ser cobrada ao Tesouro da Casa da índia. A quantia era de 14:618$231 rs 297 (quatorze contos seiscentos e dezoito mil, duzentos e trinta e um reis), pelo conserto executado em duas naus provenientes da índia na Bahia.
Verificámos que pela sua urgência e necessidade os trabalhos de reparação eram feitos no Brasil aquando da chegada das naus, oriundas da índia. As despesas eram distintas: assim, o Tesouro da índia deveria devolver essa quantia que tinha saído dos cofres da Bahia, tal como sucederia em situação inversa. Cada região do Brasil, África e Ásia funcionariam a nível financeiro como se de reinos distintos se tratassem. O lucro, esse sim, teria uma parcela destinada ao reino, a Lisboa.
O comandante da fragata "Nossa Senhora das Necessidades" envia uma relação das pessoas a bordo, provenientes da índia. O Desembargador António Pereira da Silva era um dos presentes e deveria permanecer na Bahia. O rol de passageiros indica ainda uma outra personalidade importante, o Marquês de Aloma. O quadro seguinte apresenta-nos os dos passageiros da referida nau: (OlharQuadro)
Esta exposição permite-nos conhecer informação vária, entre ela a debilidade de higiene e condições de saúde, pelo "escrebuto": comparando com as viagens do reino para a índia no séc. XVI, confirmamos não existirem grandes alterações: «que dous mil soldados, que vão ordinariamente em três Nàos para a índia cada anno, morre grande parte délies na viagem; porque como vão sete centos e oito centos, e inda mais numa Nào, naturalmente adoece, e falece grão número deites por se corromper o ar dentro das cobertas com os bafos, e immundicias": ou seja, no séc, XVIII, relativamente às condições de higiene e transporte, não se verifica grandes alterações em relação aos séculos anteriores. O número de pessoas a bordo era ainda grande para as condições existentes, situação agravada no caso dos escravos, que amontoados para maior aproveitamento do espaço disponível.





1 comentario:

  1. misma fuente: 4.1 Processos judiciais

    Num outro processo, em 1761, o Desembargador e Ouvidor Geral do Crime, Cyriâco António de Moura Tavares informa através de ofício, a devassa de deserção de treze marinheiros que vinham do Estado da índia, detidos 345 no ano de 1759. Trata-se de um processo com três anos que, apesar das diligências efectuadas pelo Ouvidor Geral do Crime para inquirir os oficiais e serventes na Ribeira das Naus, ninguém indicou os nomes dos foragidos para que se pudessem capturar346; apesar das averiguações que fez «mas em nenhua delas achey o mais leve conhecimento dos fugitivos»347. Ao dar-se abrigo aos fugitivos o encobrimento da situação era já total, o que representa um completo desrespeito pela lei e pela ordem. As próprias tripulações das naus onde supostamente tinham chegado e de onde haviam escapado não tinham conhecimento de nada.
    Não deixa de ser estranho que Cyriâco António de Moura Tavares não se apercebesse do encobrimento. De facto, não é plausível que a tripulação de uma embarcação não soubesse da existência de indivíduos detidos a bordo. Este processo não teve solução nem foi levado até ao fim
    como deveria, o que demonstra mais uma vez a permissividade resultante da burocracia e lentidão da justiça.

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