domingo, 6 de septiembre de 2009

CIPAIOS DA ÍNDIAOU SOLDADOS DATERRA?


Perante a crescente instabilidade político-militar na região, em 1762, o governador dos Rios de Sena, Marco António de Azevedo Coutinho Montaury, que servira vários anos em Goa, propôs a importação de corpos de cipaios da Índia. Aqui existia uma já longa tradição de recrutamento de soldados naturais, designados lascarins ou cipaios9, para as forças regulares do exército português. O governante argumentava com os altos custos do transporte das tropas europeias, desperdiçadas em Moçambique pelas elevadas taxas de morbilidade e mortalidade. Considerou inviável o recurso aos “filhos da terra”, os patrícios, dadas as desconfianças suscitadas pela
sua lealdade política. A favor dos cipaios salientou a experiência militar adquirida nos combates nos matos, com armas de fogo e rodelas, apropria-das para acometer os inimigos na África Oriental. Prevenindo a possibilida-de de estes soldados, maioritariamente hindus e muçulmanos, difundirem a sua religião entre a população africana, o tenente-general advogava que fossem escolhidos apenas entre os católicos. Os duzentos cipaios, forma-dos em quatro companhias, cada uma com dois oficiais, distribuir-se-iam por Sofala, Inhambane, Sena e Mossuril10.
Este projecto propendia, assim, para resolução num quadro regio-nal do problema da escassez de soldados no reino e da sua, agora, sugeridaineficácia nas guerras de África. Durante os séculos anteriores, o alistamen-to de indivíduos de Goa, luso-indianos ou canarins católicos11, para servi-rem em Moçambique fora comum, atento não só o facto de esta colónia integrar o Estado da Índia, como também o constante fluxo de mercadoriase de gente entre as duas margens do Índico.http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/viewFile/7945/5594

Os sipaios nos territórios ultramarinos portugueses
Portugal manteve forças de sipaios no seu Estado Português da Índia e, mais tarde, em outros dos seus territórios ultramarinos.
Das presenças fora da Índia, o maior contingente de sipaios foi estabelecido em Moçambique, passando o termo a designar nos anos vindouros, sob dominação portuguesa, uma força militar, mais vocacionada para o policiamento local e rural, que era comandada por um oficial europeu. As forças de sipais estiveram envolvidas na Guerra do Ultramar, incluindo no Massacre de Mueda[2].

1 comentario:

  1. 4.2 Promoções


    Um outro caso curioso é a concessão de patentes que o ViceRei efectuou a dois negros e a um comerciante, porque achou ser do interesse da Coroa, justificando o motivo por que o fez. As patentes em causa são os seguintes:
    ■ Capitão de Companhia de Ordenanças (composta por mulatos)
    ■ Sargentomor dos Assaltos este tinha por função prender os negros fugidos ao seu senhor, que se escondiam no mato; tratavase de um posto frequentemente atribuído a um mulato ou negro;
    ■ Cabo de Baluarte não tinha guarnição; podia ser atribuído ou não a um militar; segundo o ViceRei era um posto que fora «sempre arbitrário dos governadores»®6.
    Importa referir que mal tomou posse, o ViceRei publicou em Maio de 1749 uma pragmática (lei) que proibia o uso de espada ou espadim às pessoas de baixa condição (artesãos, povo, comerciantes, mulatos e negros). O uso de espada ou espadim era igualmente símbolo de estatuto e posição.
    Qual os motivos destas nomeações? Dois mulatos que pediram para utilizar espada: eram de "cabedaf (subentendase posses) e bom tratamento. Porque se encontravam abrangidos pela pragmática do ViceRei, propuseramse pagar 3$000 cruzados para a Fazenda Real para que pudessem utilizar aqueles símbolos, «o que lhes não admiti»7, refere o Conde de Atouguia.
    Inconformados com esta decisão, os dois mulatos propuseram então ser promovidos nos postos de Capitão da Companhia vaga de Ordenanças e no posto de Sargentomor dos Assaltos. Dessa forma contornavam a situação e poderiam utilizar espada ou espadim, com a vantagem que normalmente nos referidos postos eram nomeados mulatos ou negros, continuando a oferecer a citada quantia de 3$000 cruzados para a Fazenda Real.
    FUENTE: FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
    O Exército na Capitania da Bahia entre 1750-1762
    Dissertação de Mestrado de História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto
    Porto 2002

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